A autonomia do estudante de EJA em tempos de infantilização dos adultos

Bianca Damasceno

Eu acordava às 4h da manhã. Trabalhava durante o dia, ia para a escola e chegava em casa às 22h30. Ainda ia fazer as tarefas de casa. Valeu a pena. Eu acordava no outro dia renovada, com a sensação de recomeço e me sentindo capaz. 

Francisca Giane Alves, Diarista, 47 anos, moradora de Queimados. Foi aluna de EJA no CIEP Roquete Pinto, entre 2018 e 2020. 


 

O ensino médio, enfim, foi conquistado. Agora, o que Francisca almeja é, um dia, ser assistente social. Primeiro, porém, luta pela construção de sua casa própria, depois de ter concluído o ciclo básico de seus estudos. Conciliar a rotina de mãe, avó, esposa, dona de casa, diarista autônoma e estudante não foi tarefa fácil. Mas ela conseguiu. Estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) que, enfim, ‘agarram’ o seu certificado à unha, precisam ser assim, obstinados, tinhosos, incansáveis e resolutos. Isso porque a tentação à desistência durante a jornada é constante, já que tudo é difícil para elas e eles. O Relatório “Em busca de saídas para a crise das políticas públicas de EJA”, elaborado em setembro de 2022, pelas instituições Ação Educativa, Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) e Instituto Paulo Freire, a pedido do Movimento de Base, mostra o quanto ainda estamos longe de oferecer aos nossos adultos, ainda que tardiamente, uma chegada confortável à conclusão dos ensinos fundamental e médio no Brasil. Trata-se de uma árdua batalha caracterizada por nossa baixa eficiência ao que diz respeito à inclusão e à equalização de oportunidades no país.

Alguns êxitos, é verdade, precisam ser admitidos. Caso, por exemplo, do reconhecimento da EJA como um direito pela Constituição Federal de 1988 e a contribuição de programas como o PROEJA, de 2006 (Decreto nº. 5.840). Também investimentos mais recentes – após a pandemia e com o retorno de um governo pautado pelo social – como o Pacto Nacional pela Superação do Analfabetismo e Qualificação na Educação de Jovens e Adultos (2024) e os Programas Pé-de-Meia (2023) e Projovem (2025). Contudo, todas as resoluções e decisões tomadas ao longo do tempo não são suficientes para que o assunto seja vivenciado como uma obsessão nacional; o que deveria ser, especialmente por parte de governos e parcelas progressistas da população. Nesse sentido, é lastimável o pouco envolvimento e o quase total desinteresse da sociedade civil pelo assunto.  Por quê? Por que será que a educação de jovens e adultos nunca ocupou o centro prioritário de nosso debate? Não somos capazes de alcançar a relevância de superarmos o analfabetismo e a defasagem escolar? 

Foi a partir da década de 1940 (quando o censo apontava como analfabeta 56% da população com quinze anos ou mais), que começamos a dar atenção mais efetiva e oficial ao tema (AÇÃO EDUCATIVA; CENPEC; IPF, 2022, p. 07). Apesar de não ser nosso objetivo, neste texto, apresentar números, resultados e índices que se refiram a uma linha de tempo, vale, ao menos, pôr em evidência uma constatação quando nos debruçamos sobre vários dos estudos que dão conta dessa tarefa. Ao longo dos anos, com alguns avanços e muitos retrocessos, a educação de jovens e adultos, em grande parte de nosso processo histórico, parece se constituir uma proposição episódica e paralela da pauta educacional do país, como se sempre tivesse fadada a ter um caráter de campanha, movimento ou programa avulso que passa longe de uma efetiva e contundente política pública de Estado. Como comenta Lages:

(…) mesmo com os avanços significativos nas políticas educacionais, ainda persistem desafios igualmente significativos nesta modalidade, que enfrenta obstáculos, tais como: a qualidade do ensino na EJA, a falta de estrutura e de recursos adequados. Além disso, é notória a necessidade de métodos pedagógicos adaptados à realidade e ao contexto de vida dos alunos adultos. Nesse âmbito, a evasão escolar ainda é uma preocupação muitas vezes relacionada às questões socioeconômicas, o que ressalta ser imprescindível uma abordagem holística, que considere não apenas a sala de aula, mas também o entorno social dos aprendizes adultos. (Lages, et al, 2024, p. 4 – grifos nossos)

Aqui está o ponto em que queremos focar: esse aluno adulto e o que a conquista da escolaridade representa para sua autonomia. No caso de EJA, sabemos que não existe um perfil único, mas uma miríade de perfis, com diferentes características. Sabemos também, no entanto, que existem aproximações em relação à realidade que enfrentam: são aqueles que, em grande maioria, compartilham do desprezo, do desamparo, do preconceito, da invisibilidade, da injustiça e da desigualdade; enfim, o “retrato prevalecente é formado por variados perfis desfavorecidos” (PLANNETA EDUCAÇÃO). Adultos que veem na EJA o caminho para buscar alguma chance de melhoria em sua condição de vida a partir da reparação do tempo perdido fora da escola. Mas o que encontram pela frente ao voltar aos estudos? Como sinalizado acima: falta de estrutura, poucos recursos (especialmente tecnológicos), métodos pedagógicos distantes de seu cenário social. Além disso, não é incomum terem que conviver com o crime e a ocupação dos territórios em que vivem e estudam. E a maioria precisa conciliar a rotina da escola com o trabalho; muitas das vezes, realizado por conta própria, sem garantias, benefícios e/ou estabilidade. Por isso, nem sempre é humanamente possível continuar… e eles evadem (Siqueira, 2024).

Definitivamente, não se trata do perfil traçado por nosso cronista e dramaturgo, Carlos Eduardo Novaes, em “Volta às Aulas” (NOVAES, 1977), um dentre tantos textos da famosa coleção “Para Gostar de Ler”. A crônica de Novaes, de 1977, nos apresenta Juvenal Ouriço, pai de cinco filhos pequenos que, por dificuldade financeira, decide se matricular no jardim de infância da Escolinha “A Toca da Raposa”, já que não teria condições para matricular todos os seus meninos. Como estratégia, ele escolhe cumprir a agenda escolar e repassar para os filhos, no turno da noite, aquilo que aprender durante o dia, em vez de mandar as próprias crianças aos estudos. A inadequação de Juvenal ao sistema é, obviamente, gritante… a começar pela moça da secretaria no momento da matrícula que, distraída, pergunta se ele tem mais de seis anos. Ao que ele retruca: “Seis anos de quê? De casado?”. Também responde, ao ser questionado, que não precisará do serviço de ônibus da escolinha; “eu tenho carro”. Em sala, com a professora e os novos colegas, o desajuste se expande. Juvenal se assusta com o formato de mesas e cadeiras, pedindo à Tia Lúcia se não poderia lhe conceder um assento um pouquinho mais proporcional ao seu tamanho. Tia Lúcia, durona, deixa claro que ali não é lugar de privilégios e que, portanto, ele se acomode como puder. Ao espremer-se na mesa com os demais alunos, uma coleguinha pensa que ele é o Lobo Mau (com bigodes, pernas cabeludas e pés enormes), outros se surpreendem com os palavrões e com a proposta de Juvenal para substituírem a aula de pintura por uma rodada de pôquer. Na hora da contação de histórias, pede a troca da história de Branca de Neve pela de Cassandra Rios. Com tantas idiossincrasias, Juvenal acaba sendo repreendido e ameaçado de ser levado para a orientação pedagógica. A reprimenda funciona, pois ele baixa a cabeça e não dá mais uma palavra (embora no recreio não resista a traçar um galeto com uma cervejinha gelada). Após uma conduta exemplar ao longo do turno, terminada a jornada, Juvenal enfrenta o seu último desafio: alunos do jardim só podem sair com um responsável. “Mas eu já sou responsável. Não preciso de outro”. Não teve jeito, “é do regulamento”, disse Tia Lúcia, implacável. Mesmo emburrado, com o impedimento de chamar a mãe ou a mulher para buscá-lo (a primeira muito velhinha e a segunda trabalhando), Juvenal precisou pedir ajuda à Maria, a empregada, que prestava serviços cuidando da residência e dos filhos da família. 

Além do discurso sátiro que visava mandar recados à conjuntura própria daquela época, como a denúncia do alto custo da educação para a classe média e o desprezo pelo moralismo imposto pela ditadura militar, Novaes consegue nos deixar uma reflexão estendida. Trata-se do quanto o ambiente escolar básico é, muitas vezes, algo bizarro, distante e infantilizador do adulto. Verdade que esse não é, exatamente, o caso do Juvenal dessa crônica. Talvez, trazida para uma realidade atual de EJA, essa história pudesse descolar o personagem central para a Maria, a empregada da família. Quem sabe, Maria não seria a estudante que, ao sair da casa de Juvenal, após cuidar da casa e dos cinco filhos do protagonista, cursaria, à noite, o seu ensino fundamental e/ou básico por meio da EJA. Se assim o fosse, e guardadas as devidas proporções, até onde Maria também não teria que lidar com as excentricidades do sistema? Até onde ela, assim como Juvenal, também não pareceria distante e excêntrica à escola? Até onde não seria infantilizada, não tendo a sua experiência de vida incluída no aprendizado? Ampliando a ponderação, a pergunta é o quanto o aluno adulto que busca conteúdos, convencionalmente aprendidos na infância e na adolescência, ainda se faz uma incógnita para o sistema educacional, quando chega de volta à escola? Afinal, se por um lado, o seu domínio formal sobre leitura, escrita e conhecimento do alfabeto e da estrutura linguística lhe escapa, ao mesmo tempo, o mundo já lhe forneceu vivências suficientes para que não seja colocado na posição passiva da formação escolar. 

Esse ensinamento Paulo Freire já nos deixou há muito tempo, mas como diz o poeta, muitas vezes, “a lição sabemos de cor, só nos resta aprender” (Bastos e Guedes, 1979). Nesse sentido, para que tal lição nunca seja em nós adormecida, é sempre bom relembrar o fenômeno ocorrido no interior do Rio Grande do Norte, em 1963, na cidade de Angicos (onde cerca de 75% dos habitantes não sabiam ler e escrever até então). Como sabemos, na ocasião, Freire e sua equipe, formada por universitários voluntários da Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), alfabetizaram 300 trabalhadores (a maioria, cortadores de cana), em 40 horas. O método freiriano utilizado baseava-se na alfabetização alcançada por meio do diálogo e da leitura do mundo do educando adulto, antes mesmo de se chegar ao domínio do código linguístico (Paviotti, 2019). Dessa forma, a realidade dos trabalhadores não só era respeitada, mas posicionada no centro do aprendizado. Prova disso foi a primeira palavra apresentada, “belota” – enfeite das redes e dos utensílios dos vaqueiros – junto de outras, como ‘tijolo’, ‘enxada’ e ‘terra’. A cada novo vocábulo, um debate crítico sobre o significado de ‘agricultura’, ou de ‘exploração’, a partir do contexto vivido por aqueles sujeitos. De palavras, vinham as frases. Das frases, novas reflexões. De reflexões, novas posturas… 

Segundo Carvalho (2022), foi um feito nunca visto antes, “estavam lendo e escrevendo numa velocidade impensável pelos métodos convencionais”. Quando em março, no final do projeto, dois testes foram aplicados – o de alfabetização e o de politização – os resultados apontaram 70% de aproveitamento. A boa repercussão fez com que o próprio Presidente da República da época, João Goulart, aparecesse na cerimônia de entrega. Angicos ganhara naquele momento 300 novos eleitores (destaque para o fato de que apenas alfabetizados podiam votar no Brasil daquele período, de acordo com a Constituição de 1946). Mas o desaguar dessa história nós sabemos. Em maio do mesmo ano, acontece a primeira greve na cidade de Angicos, com a experiência educacional freiriana sendo rotulada pelos incomodados fazendeiros de “praga comunista”. Os objetivos do método não mentiam, intencionavam mesmo o estímulo ao pensamento crítico; à preparação dos participantes para a busca de empregos mais salubres; a consciência de seus direitos como cidadãos; a conquista do voto. Portanto, além do aprender a ler e a escrever, eram levados a pensar e interferir no mundo, ou seja, a terem capacidade de reflexão filosófica e ação política. Para que educação se não para isso? Entretanto, tudo se calaria a partir de 1964, com e pela ditadura militar, que expulsaria Paulo Freire do país e instituiria, no lugar do seu método, o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL-Decretos 62.455 e 62.484/1967), com suas cartilhas e práticas tradicionais que não tinham sequer comparação com a efetividade do método freiriano.

Muita mudança aconteceu no ensino de nossa população depois desse período nefasto. Entretanto, o aluno de EJA segue sendo um grande desafio para o projeto educacional brasileiro: um adulto excluído da escolarização regular na infância e na adolescência, que retorna à escola atrás de autonomia pelo letramento do código e, sobretudo, de sua realidade. Paulo Freire nunca perdeu isso de vista. A Pedagogia da EJA precisa ser a Pedagogia da Autonomia! Portanto, vale a pena, sempre que pararmos para dialogar sobre o tema, voltarmos nossa atenção para o óbvio que vem antes de qualquer debate programático: O que é um “adulto”? E o que entendemos por “autonomia”, hoje? A começar pela primeira pergunta, vemos que, de acordo com o verbete da Biblioteca Virtual em Saúde (OPAS/OMS), o adulto é aquela “pessoa que atingiu crescimento total ou maturidade” . Difícil, não… ‘crescimento total’? A que crescimento o conceito se refere? Como mensurar tal crescimento, ainda mais com vistas à ideia de totalidade? Mesmo o termo ‘maturidade’, não é nada simples de cravar. Em Pedagogia da Autonomia, Freire aponta que “ninguém amadurece de repente, aos 25 anos. A gente vai amadurecendo todo dia, ou não” (1996, p. 107). O problema é que ainda somos muito impregnados por uma perspectiva predominantemente cronológico-biologicista e pouco histórico-cultural, como se a classificação do ser ‘criança, adolescente, jovem, adulto e idoso’ estivesse atrelado, apenas, a estágios físicos ou orgânicos. Levarmos isso para a compreensão do adulto que veste o papel do aluno de EJA exige cuidado… Não podemos esquecer que, como afirma Oliveira, quando se trata da análise do “funcionamento psicológico do adulto pouco escolarizado, normalmente o que se faz é uma comparação com um adulto abstrato, supostamente universal, mas que na verdade é um adulto bastante específico e historicamente contextualizado” (2004, p. 216). Em outras palavras, preparar a escola para receber um aluno adulto com essa demanda, requer estudar antes, e durante a implantação de conteúdos pedagógicos, o contexto psico-econômico-social que está em jogo, para que, dessa forma, o ensino programático seja efetivo. 

Contudo, para tornar essa abordagem ainda mais complexa, já que estamos defendendo a importância de se “adultizar” o ensino da EJA a partir da singularidade dos alunos por ela atendidos, propomos nos debruçar, ainda que não com a profundidade que o tema exige, num aspecto que envolve o cenário da ‘pluralidade’ onde tais ‘singularidades’ estão inseridas, quando pensamos sobre o ‘ser adulto’ nos dias de hoje. Referimo-nos a um profundo processo de infantilização generalizada que tem se tornado pauta de vários campos do saber, especialmente das escolas de humanidades, como filosofia, sociologia e psicologia. A essência da crise fala do quanto ‘adultos’ vêm se transformando em ‘kidults’, no contemporâneo. Significa dizer que aqueles que deveriam participar plenamente da coletividade, comportam-se de forma acirradamente individualista, consumista e competitiva. Para o teórico político, Benjamim Barber (1939-2017), esse não é um fenômeno aleatório, ele fala da principal estratégia adotada pelo capitalismo neoliberal, um novo etos cultural que perpetua a infantilidade em prol do capitalismo de consumo desenfreado. Com isso, crianças passam a influenciar cada vez mais as decisões de compras dos pais e pais tornam-se cada vez mais aliciados a não se tornarem adultos, negando-se, assim, a envelhecer e a desapegar da maravilhosa “Terra do Nunca (Neverland)”, onde a frustração e a responsabilidade dão lugar ao consumo compulsivo que tudo tampona ou compensa. Nesse mundo imaginário, só há um “eu” a ser atendido, narcisicamente. Nas palavras de Barber, “o etos da infantilização incentiva e é incentivado por uma ideologia de privatização que deslegitima bens públicos de adultos, tais como o pensamento crítico e a cidadania, em favor de escolhas particulares baseadas em interesses próprios e de ganhos pessoais narcisistas” (2009, p. 26). 

Na esteira desta reflexão, o filósofo sul-coreano, Byung-Chul Han, vai mais longe e afirma que não se trata, apenas, de uma ideologia do consumo de coisas, mas sim do consumo de si mesmo, em prol da produtividade, sem freio e sem fim.  Passamos a ser a sociedade do desempenho e, consequentemente, a sociedade do cansaço (Han, 2015). Esse adulto infantilizado da análise de Han, ao ser existencialmente capturado pela ideologia neoliberal narcisista, que só visa atender às suas demandas egocêntricas, atinge um nível de privatização tão extremo, que passa a fazer da própria vida um negócio mercadológico. E é aqui que podemos vincular a pergunta inicial (o que é um adulto?), com a segunda pergunta acima proposta: o que entendemos por “autonomia”, hoje? Ao nos encontrar numa sociedade individualista do desempenho, caracterizada pelo ‘império do eu’ em detrimento do ‘bem coletivo do nós’, o capitalismo tardio transveste a noção de autonomia do sujeito adulto em um projeto de emancipação egoica em que todos passamos a ser ‘empreendedores’ ou, como diria Byung-Chul Han, ‘empresários de si’. Somos, agora, a sociedade de autônomos. Para tanto, precisamos rejeitar toda forma de negatividade e abraçar a positividade como ‘estatuto de ser’, para atender ao lema “Yes, I can”, do neoliberalismo. Se podemos, devemos poder! Eis o novo axioma. Portanto, para ‘poder cada vez mais’, temos que nos superar a todo instante, nunca encontrando a linha de chegada. Como denuncia Han, “o sujeito do desempenho, que se julga livre, é na realidade um servo: e servo absoluto, na medida em que, sem um senhor, explora voluntariamente a si mesmo” (2018, p. 10). Fazemos, fazemos, fazemos… sem parar, até sermos imolados pelo esgotamento que, segundo Han, nos chega, principalmente, através das doenças psíquicas:  Burnout, estresse, depressão, hiperansiedade, síndrome do pânico, insônia, entre outros transtornos. A agressividade se espalha toda parte, uma vez que extirpamos a alteridade e nos infligimos à autocompetitividade:

A atual sociedade da positividade promove a primazia do modo de ser ‘autônomo’ enquanto ‘empresário de si’, abrindo mão de toda resistência. Tal tipo de autonomia ajustada ao mercado, torna a vida um negócio e se revela no individualismo radical − rivalidade competitiva, consumismo, compulsividade, superação contínua, desempenho ininterrupto − até parar no perecimento, na agressão sistêmica e nos infartos psíquicos. Trata-se exatamente do autolitígio e da autoviolência de um eu narcísico englobante, sem outro e sem mundo, que é levado a acreditar que a sua ‘autonomia’ pode ser entendida como autossuficiência pela livre iniciativa falaciosa do ‘tu podes tudo o que tu quiseres ser’ porque, no fundo, ‘tu deves poder adaptar-se e ser resignado’ ao mercado… (Damasceno, 2023, p. 117-118).

Em outros termos, enquanto autônomos-empresários-de-si, somos levados a acreditar que é necessário produzir o tempo todo, trabalhar sem parar, ter dinheiro, comprar muito e fazer networking, ininterruptamente, anunciando-nos como mercadoria (especialmente nas redes sociais) aos muitos seguidores que serão influenciados por nosso tal “eu-projeto” bem-sucedido. Isso se dá porque “o neoliberalismo, como mutação do capitalismo, torna o trabalhador um empreendedor. (…) Hoje, cada um é trabalhador que explora a si mesmo para a sua própria empresa. Cada um é senhor e servo em uma única pessoa. A luta de classes também se transforma em uma luta interior consigo mesmo” (Han, 2018b. p. 11-15). Daí termos fenômenos como a “uberização”, apresentando, por exemplo, entregadores e motoristas de aplicativos como ‘empreendedores’, quando, na verdade, são a maior prova da precarização que caracteriza as relações trabalhistas de nosso tempo. Como mostra a pesquisa “Plataformização e Precarização do Trabalho de Motoristas e Entregadores no Brasil” (IPEA, 2024), o que os índices mostram é que a jornada só aumenta, enquanto a renda só cai e a contribuição para a previdência vai se tornando cada vez menor que a média dos trabalhadores. Esses e muitos outros ‘empreendedores por necessidade’, são, por vezes, levados à pejotização forçada que substituiu o CPF por um CNPJ, como forma de saída cínica encontrada pelo sistema para fabricar mais exploração, que pouco se materializa como um projeto real de ‘empresariado de si mesmo’, mas sim de uma imposição para que cada um esteja ‘por sua conta e risco’, sem proteção ou amparo de quem quer que seja. O pior, se o sucesso não é conquistado, a culpa incide sobre o empreendedor e não sobre o sistema. Nas palavras de Han: “quem fracassa na sociedade neoliberal de desempenho em vez de questionar a sociedade ou o sistema, considera a si mesmo como responsável e se envergonha por isso” (2018b, p. 16), uma vez que ser um winner ou um loser depende, exclusivamente, de cada um de nós.  

Essa é a toada do empresário, coach, influenciador digital e “político” brasileiro, Pablo Marçal, que conta com mais de 10 milhões de seguidores no instagram e que coloca Deus à frente de suas aventuras e capacitações em empreendedorismo. Exercício feito por Marçal no evento “Desbloqueio da mente milionária’ (UOL, 2023), que reuniu cerca de 5.000 pessoas no ginásio da Portuguesa (SP), em 2023, mostrava o caminho a ser seguido. Por meio técnicas de reprogramação mental, ordenava: “Eu destravo o meu córtex pré-frontal e nesse lugar eu edito novas imagens e eu deixo para trás tudo o que me impede de prosperar.” (Idem, 2023) – gritava ele, pausadamente ao microfone, seguido pela repetição de todos na plateia. Também interpelava com concepções provocativas: “O que significa um milhão de reais? Significa um relógio, um carro barato ou dois quilos e meio de notas de 100,00 colocadas numa balança” (Idem, 2023). A ideia era mostrar que é preciso querer alto e se impor metas ousadas… “Se vocês não forem pessoas positivas vocês não vão dar certo na vida” (Idem, 2023), confrontava a todos, prometendo transformar os participantes (que costumam pagar entre 50,00 a 3.000,00 por seus treinamentos), em ‘máquinas da prosperidade’. Com a ênfase no lema de que “vítimas não prosperam”, o treinador entende o risco como algo necessário para se tornar um empreendedor. Numa de suas capacitações, Marçal submeteu um grupo de ‘mentorados’ à uma escalada ao Pico dos Marins (Serra da Mantiqueira/SP), sem qualquer preparo prévio. Conclusão, 32 pessoas precisaram ser resgatadas pelo Corpo de bombeiros e a irresponsabilidade lhe rendeu um processo na justiça por tentativa de homicídio. 

No pano de fundo das pregações feitas por “líderes” como Pablo Marçal, constatamos a preocupante noção hegemônica do que seja um adulto autônomo nos dias de hoje: um empreendedor praticante de uma certa teologia da prosperidade com uma visão mercadológica neoliberal da própria vida. Vale entender que esse modus-operandi não está estratificado em apenas algumas camadas, mas se alastra como discurso dominante por toda a sociedade atual. Sociedade que vai perdendo a capacidade de laço coletivo e se tornando um “exame de unos barulhentos”, como aponta Byung-Chul Han, em seu livro No enxame, perspectivas do digital (2018a). Para Han, esse adulto autônomo-empreendedor, narcísico, infantilizado e envolvido pelas falácias do sistema, converte tudo à projeção de uma vida traçada pela régua do mercantilismo egocêntrico e exibicionista-midiático (daí a enorme adesão aos reality shows, como Big Brother, The Voice, Mestre do Sabor, MasterChef, entre outros), determinado pelo esforço competitivo individual e autopromovido. Com isso, “o narrativo perde enormemente em significado, pois hoje tudo é tornado enumerável, a fim de poder ser convertido na linguagem do desempenho e da eficiência. Assim, hoje, tudo aquilo que não é enumerável cessa de ser” (Han, 2018a, p. 67). Esse declínio ontológico corresponde, portanto, à perda da força simbólica do narrativo para a implacabilidade fria e superficial do mensurável. Em outros termos, representa a perda da força de um projeto social de longo prazo, indicando a deterioração de tudo o que vimos Freire promover em Angicos: pensamento crítico, consciência cidadã, capacidade de reflexão filosófica e ação política em prol do mundo. 

Não sejamos ingênuos de achar que tudo isso passa longe da educação. O movimento neoliberal de infantilização de adultos, via adestramento e privatização da vida, também se infiltra pelos ‘novos’ padrões de ensino. Basta ver modelos como o implantado pelo administrador de empresas, professor e empresário brasileiro, Renato Feder, ex-Secretário de Educação do Paraná (2019-2022), no governo de Ratinho Júnior/PSD e atual Secretário de Educação do Estado de São Paulo do governo Tarcísio de Freitas/Republicanos (desde 2023), que defende o paradigma da gestão empresarial e tecnológica aplicada à educação, a fim de aumentar a eficiência e obter mais resultados de professores e alunos. A plataformização dos conteúdos e a pressão por metas são tão elevadas que um professor paranaense desabafou à Revista Carta Capital (BASILIO, 2023): “Trabalho em uma escola que tem 30 computadores para mais de 2 mil alunos e levo eles no laboratório, em média, uma vez por mês cada turma. Isso torna inviável seguir e cumprir qualquer cronograma que são passados para a gente”. E complementa: “Isso está nos adoecendo, pois toda semana ouvimos bronca em relação ao não cumprimento das inviáveis metas. Isso precisa acabar, senão não teremos mais professores num futuro próximo” (Idem, 2023). A presidenta do Sindicato
dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná/APP, Walkíria Olegário Mazetto, que conduz estudos e ações em defesa do ensino médio, da Educação Especial e da EJA, foi clara: “o que a gente viu o ex-secretário Renato Feder fazer aqui foi comprar aplicativos e cursos de mercado, disponíveis na internet, e não necessariamente alinhados aos conteúdos ou à nossa rotina de sala de aula” (Idem, 2023). E reitera, mostrando o quanto a mentalidade por nós exposta acima já se faz uma prática no segmento educacional: “… como o ex-secretário passou a atribuir a esta lógica o sucesso da educação, ele precisa ter números, o que acaba por cacifar esses produtos no mercado educacional como exemplos de sucesso” (Idem, 2023). Obviamente que a caça aos números leva a uma elevação das curvas e, por isso, a gestão de Feder ganha muitos elogios. Contudo, é válida a ponderação de Walkíria, que alerta para o fato de o secretário controlar as variáveis que resultam na nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Por exemplo, quando os alunos fazem provas que se convertem em resultados ruins, os professores precisam trabalhar novamente as questões até que os estudantes alcancem bom conhecimento relacionado aos conteúdos específicos, o que desorganiza a distribuição da carga horária entre as disciplinas; “é a negação completa de uma formação integral” – conclui Walkíria (Idem, 2023). Na lista das metas também pode-se encontrar o controle da presença dos estudantes a partir de metas que, se não cumpridas, levam à perda dos cargos de diretores. Além da exigência para que os gestores escolares garantam a meta de uma frequência mínima mensal dos estudantes em 85%, sob pena de apuração por Núcleos Regionais. No Estado de São Paulo, tal meta ganhou upgrade, pois para garantir uma presença mínima dos estudantes nas escolas, a Secretaria ofereceu bonificação em dinheiro aos servidores, podendo atingir faixa ouro ou diamante, o que vale um acréscimo de um ou dois salários extras ao ano. Metas consideradas por muitos estudiosos como perversas e inadmissíveis para a área de educação. O modelo ‘mercadológico-empresarial’ de Feder vem afetando profundamente a realidade das escolas públicas. O que levou parlamentares, como o Professor Lemos/PT, a denunciá-lo à Assembleia Legislativa do Paraná e submeter o caso ao conhecimento do Ministério Público do Estado. As denúncias apontadas por Lemos também envolveram a EJA, com estratégias que implantaram, por exemplo, a redução de turmas noturnas e a exclusão de estudantes que poderiam puxar a nota do índice para baixo (Idem, 2023). 

Como podemos ver, a pedagogia da autonomia, defendida por Paulo Freire, se encontra bastante ameaçada. Como proteger os alunos de EJA desse projeto de poder que instrumentaliza os modelos educacionais – pelo viés da empresarização-tecnológica, preconceituosa e excludente – que só retroalimentam a sociedade individualista do desempenho e a proliferação de kidults? Como unir conteúdos pedagógicos relevantes para o resgate do tempo perdido do ensino básico, com o contexto psico-econômico-social singular de cada aluno adulto, bombardeado na pluralidade de sua época, por um sistema fabricador de ‘empresários-de-si”? Para nós, não perdendo de vista o compromisso com as noções originárias do que seja a ‘formação do adulto autônomo’, ou seja, o engajamento leal à ideia de que “formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas” (Freire, 1996, p. 14). Em outros termos, formar é criar possibilidades para que estudantes se assenhorem da faculdade do pensar, do agir e do realizar a “caminhada da heteronomia para a autonomia” (Idem, p. 70). Essa é a ética que está em jogo, é “por essa ética inseparável da prática educativa – não importa se trabalhamos com crianças, jovens ou adultos – que devemos lutar” (Idem, p. 16). Não é tarefa fácil… mas é necessário não se omitir. Afinal, “não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição.” (Idem, p. 102). Essa tomada de posição precisa fazer com que o aluno adulto da EJA enxergue na escola o que Carlos Drummond de Andrade enxerga na poesia, como em A flor e a náusea (2012, p. 13), tão atual desde 1945:

Preso à minha classe e a algumas roupas, vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias, espreitam-me.

Devo seguir até o enjoo?

Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

Vomitar este tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!

Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

O poema nos faz reconhecer a dura realidade em que estamos, sem deixar, porém, de nos levar ao “esperançar” freiriano, no final. Partimos da constatação de que vivemos em um tempo da coisificação de pessoas e da personificação das coisas. Um tanto de ‘existencialismo sartreano’ e de ‘fetichismo da mercadoria’ de Marx, nos brinda Drummond, com este poema. Mais do que nunca, nós mesmos, nauseantes, nauseados… tornados mercadorias. Tudo se confunde, o ser e o cinzento da rua, melancolias e mercadorias, os olhos sujos do relógio e os do próprio poeta, pessoas e muros… surdos. Tudo em nós se tornou utilitário e econômico, perdendo, em si, o seu valor. Época de tédio sobre nós e sobre a cidade. Nenhum problema resolvido ou mesmo percebido como problema. Cartas não trocadas, sem nenhuma conexão real, apesar de tantos posts nas redes. Os crimes da terra, dos quais o poeta de uns tomou parte e de outros se escondeu, uns achou belos e foram publicados, são os seus próprios versos. Por isso, são crimes suaves, que ajudam a viver, como ração diária de erro distribuída em casa. Mas o que tem de melhor a oferecer, confessa, é o seu ódio. Talvez porque o ódio seja a verdadeira recusa da situação em que nos encontramos. Se tudo é triste e sem ênfase, já que tomado por náusea e tédio, ao menos o seu ódio, a sua indignação, a sua revolta… são enfáticos. “Com ele (o ódio) me salvo e dou a poucos uma esperança mínima” – afirma o poeta tomando posição. É nesse momento em que se posiciona que nasce uma flor… em local impensável. Uma flor que brota na rua é ainda mais forte que o ódio, porque tem potência para romper o asfalto. Essa flor é maior que o sistema, mesmo desbotada, sem pétalas abertas ou presença de cor. Seu nome pode não constar nos livros, pode até ser considerada feia. “Mas é realmente uma flor”. A flor é o poema. Este que nasceu no poeta. A flor é o estudante da EJA adulto-autônomo, que apesar de tudo, fura o asfalto, rompe o tédio, o nojo, o ódio do sistema… e nasce na sociedade. Resistente e assenhorado, pensante-narrativo-ativo, ele se salva da náusea e irrompe para um mundo que se faz possibilidade.

 O projeto “Olhar para o jovem/adulto-estudante nas escolas parceiras da PUC-Rio: uma contribuição para a formação de professores” que levou à construção deste livro – é a escrita de um poema que permite, portanto, o brotar de muitas flores. Flores como Francisca Giane Alves, diarista-autônoma, que consta na epígrafe deste capítulo. Não por acaso, poeticamente, é Francisca, que significa “mulher livre”; não por acaso é Giane, “agraciada por Deus”. Que sejam todas e todos, alunos da EJA, livres e agraciados por Deus, agora e sempre, apesar de todos os pesares.

 

 

 

REFERÊNCIAS:

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Este texto integra a Parte 1 do Livro: Caí na EJA, e agora? Perspectivas para a formação de professores de Educação de Jovens e Adultos

Autores: Beatriz Damasceno e Renato Pontes Costa.

Editora GiraBrand.