Por Beatriz Damasceno. Professora do Departamento de Letras da PUC-Rio e autora do livro Lúcio Cardoso em corpo e escrita (Ed. Uerj, 2012).
Fonte: Jornal Estado de Minas. Reportagem publicada em 21/09/2018.
Artigo “Pintura subterrânea”
“…nas longas horas de expectativa deitado na grama ou no terreno nu, sinto uma palpitação que não me é desconhecida, qualquer coisa que desce à ponta dos meus dedos, e que se chama a necessidade de escrever.” Esta afirmação está no Diário completo (1970), de Lúcio Cardoso, artista potente que caminhou pelas letras, pintura, teatro e cinema. Passados 50 anos de sua morte, é importante registrar a sua singularidade e papel nas artes brasileiras. Saliento, aqui, tomada pela citação acima, a relação visceral do escritor com a escrita de diários. Lúcio Costa manteve o diário íntimo durante toda a trajetória de artista. O híbrido gênero para ele era oficina: nele estão as colagens, os fragmentos, as rasuras das experimentações. (…)